Os beija-flores, segundo artigo da Wikipédia, são aves de pequeno porte, que medem em média 6 a 12 cm de comprimento e pesam 2 a 6 gramas. O bico é normalmente longo, mas o formato preciso varia bastante com a espécie e está adaptado ao formato da flor que constitui a base da alimentação de cada tipo de beija-flor. Uma característica comum é a língua bifurcada e extensível, usada para extrair o néctar das flores.
No jardim de minha casa, todos os anos, beija-flores se reproduzem. Meu marido e eu ficamos maravilhados com a delicadeza dos ninhos e com o constante cuidado da mãe com os ovinhos. Ela é incansável indo e vindo, quando os filhotes eclodem, pequeninas bolinhas vivas, depenadas, insaciáveis. Algumas vezes passa por nós na varanda para captar o néctar das pequenas flores da jardineira. Sua rapidez impressiona. Chega e vai como um raio de cor esvoaçante. O mais bonito em sua maternidade é que fornece apenas o doce da vida para seus filhotes.
Se o ninho é construído na época de inverno, ficamos penalizados ao ver que a mãe não abandona os ovinhos ou os filhotes mesmo com frio de doer os ossos. Se é verão, às vezes, ela os expõe ao sol inclemente , na sua inexperiência materna, e improvisamos uma sombra com galhos que amarramos na buganvília, seu lugar preferido. Ficamos agoniados se chove ou venta demais, porque o ninho balança e tememos que caia. Incrivelmente isso nunca aconteceu. Mamãe beija-flor, seguindo o instinto natural, é esperta, pois se equilibra no galho que vai e vem, dançando com ele. Jamais alguma fêmea abandona seu par de filhotinhos no meio da tempestade e, se nos vê aproximar demais do ninho, avança sobre nós em voos rasantes.
A cada ano aprendo uma lição de vida com esses pequeninos pássaros. A primeira que guardei foi a resistência às adversidades. Não importa o frio intenso ou o calor escaldante, ela permanece com seus filhotes sem pestanejar. Sua constância lhes assegura a chance de se tornarem adultos. Quando estão crescidos e independentes, vão embora e não voltam nunca mais, cruzando o céu com seu voo colorido. Ela não sofre, pois vai cumprir a missão de gerar novos beija-flores, com a mesma disposição com que chocou os primeiros. Esse é o desprendimento que eu gostaria de ter em relação a meus filhos, deixando-os voar livres, felizes, enchendo sua vida de luz, cor e alegria. Quem dera eu pudesse fornecer a meus filhos durante toda a sua vida apenas o néctar das flores, o doce da vida!
O meu maior aprendizado, porém, foi a percepção da fugacidade da vida e da aceleração do tempo. A presença da mãe é sempre rápida, veloz, um segundo de cor. Mamãe beija-flor tem muita sabedoria, já que sabe dosar suas idas e vindas com perfeição. Nunca é pouco ou muito. Deixa atrás de si o gosto de querer mais, uma lembrança tão boa que anseio por sua volta. Seu retorno é um clarão de felicidade, mesmo no dia mais escuro. Como eu gostaria de ser uma mãe beija-flor, deixando atrás de mim um rastro de amor e desejos de volta! Infelizmente essa aprendizagem é muito difícil e, normalmente, inatingível. Quando acordamos de nossa ignorância , o tempo se foi implacavelmente.
Sempre é preciso pensar que a vida é curta, muita curta para o ser humano e perdemos tempo com recriminações, lamentos e denúncias contra nós mesmos e contra os outros. Enquanto isso, o tempo passa, as relações se deterioram e só vamos atentar para nossa pouca sabedoria quando nos tornamos o alvo certeiro de uma doença grave, como o câncer. Se tivéssemos sabido viver, não haveria tantos arrependimentos, e recriminações. O que mais assusta no momento da percepção da nossa morte próxima não é a morte em si, e sim a certeza da inutilidade de nossa vida. O balanço final que fazemos para fechar nosso livro da vida é que nos desmorona, pois vemos que ficamos em débito com tolerância, amor e perdão. O que fizemos com nossa vida? Nessa hora, quem dera pudéssemos ter agido como mamãe beija-flor! Assim, alçaríamos nosso voo solitário para o azul do céu e a imensidão do universo, deixando cor na vida alheia e uma suave lembrança de nossa passagem pela Terra.
No jardim de minha casa, todos os anos, beija-flores se reproduzem. Meu marido e eu ficamos maravilhados com a delicadeza dos ninhos e com o constante cuidado da mãe com os ovinhos. Ela é incansável indo e vindo, quando os filhotes eclodem, pequeninas bolinhas vivas, depenadas, insaciáveis. Algumas vezes passa por nós na varanda para captar o néctar das pequenas flores da jardineira. Sua rapidez impressiona. Chega e vai como um raio de cor esvoaçante. O mais bonito em sua maternidade é que fornece apenas o doce da vida para seus filhotes.
Se o ninho é construído na época de inverno, ficamos penalizados ao ver que a mãe não abandona os ovinhos ou os filhotes mesmo com frio de doer os ossos. Se é verão, às vezes, ela os expõe ao sol inclemente , na sua inexperiência materna, e improvisamos uma sombra com galhos que amarramos na buganvília, seu lugar preferido. Ficamos agoniados se chove ou venta demais, porque o ninho balança e tememos que caia. Incrivelmente isso nunca aconteceu. Mamãe beija-flor, seguindo o instinto natural, é esperta, pois se equilibra no galho que vai e vem, dançando com ele. Jamais alguma fêmea abandona seu par de filhotinhos no meio da tempestade e, se nos vê aproximar demais do ninho, avança sobre nós em voos rasantes.
A cada ano aprendo uma lição de vida com esses pequeninos pássaros. A primeira que guardei foi a resistência às adversidades. Não importa o frio intenso ou o calor escaldante, ela permanece com seus filhotes sem pestanejar. Sua constância lhes assegura a chance de se tornarem adultos. Quando estão crescidos e independentes, vão embora e não voltam nunca mais, cruzando o céu com seu voo colorido. Ela não sofre, pois vai cumprir a missão de gerar novos beija-flores, com a mesma disposição com que chocou os primeiros. Esse é o desprendimento que eu gostaria de ter em relação a meus filhos, deixando-os voar livres, felizes, enchendo sua vida de luz, cor e alegria. Quem dera eu pudesse fornecer a meus filhos durante toda a sua vida apenas o néctar das flores, o doce da vida!
O meu maior aprendizado, porém, foi a percepção da fugacidade da vida e da aceleração do tempo. A presença da mãe é sempre rápida, veloz, um segundo de cor. Mamãe beija-flor tem muita sabedoria, já que sabe dosar suas idas e vindas com perfeição. Nunca é pouco ou muito. Deixa atrás de si o gosto de querer mais, uma lembrança tão boa que anseio por sua volta. Seu retorno é um clarão de felicidade, mesmo no dia mais escuro. Como eu gostaria de ser uma mãe beija-flor, deixando atrás de mim um rastro de amor e desejos de volta! Infelizmente essa aprendizagem é muito difícil e, normalmente, inatingível. Quando acordamos de nossa ignorância , o tempo se foi implacavelmente.
Sempre é preciso pensar que a vida é curta, muita curta para o ser humano e perdemos tempo com recriminações, lamentos e denúncias contra nós mesmos e contra os outros. Enquanto isso, o tempo passa, as relações se deterioram e só vamos atentar para nossa pouca sabedoria quando nos tornamos o alvo certeiro de uma doença grave, como o câncer. Se tivéssemos sabido viver, não haveria tantos arrependimentos, e recriminações. O que mais assusta no momento da percepção da nossa morte próxima não é a morte em si, e sim a certeza da inutilidade de nossa vida. O balanço final que fazemos para fechar nosso livro da vida é que nos desmorona, pois vemos que ficamos em débito com tolerância, amor e perdão. O que fizemos com nossa vida? Nessa hora, quem dera pudéssemos ter agido como mamãe beija-flor! Assim, alçaríamos nosso voo solitário para o azul do céu e a imensidão do universo, deixando cor na vida alheia e uma suave lembrança de nossa passagem pela Terra.
Autora: Maria Auxiliadora de Andrade Vieira
Fonte.: http://www.oncolapgyn.com.br